sexta-feira, 11 de maio de 2007

Brincadeira do copo

Certo dia vou à casa de um amigo, tomo umas cervejas, falo sobre coisas diversas. Alguém acende um baseado por perto, não fumo, mas também não me incomodo, cada um faz a cabeça do seu jeito. Então do nada algum idiota resolve se aproveitar da situação para se divertir. Todo mundo doidão e um maldito filho-da-puta inventa de contar histórias assustadoras e fazer a brincadeira do copo. Almas, fantasmas, espíritos, etc... o de sempre.

Seria mais uma noite normal como todas as outras, um monte de adolescentes fodidos e sem dinheiro na casa de alguém enchendo a cara, ficando doidões e fazendo a brincadeira do copo. Sim, seria só mais uma noite até aquela cadeira maldita começar a se mexer sozinha. Até a porta do quarto começar a tremer. Todos rindo ao mesmo tempo, menos eu. Eu não fumei aquela desgraça, eu sabia que estava tudo acontecendo DE VERDADE.

Eu tentei avisar, todos riram da minha cara, aquele deve ter sido o cigarro de maconha mais bem feito da história. Me levantei comecei a puxar o primeiro que vi por perto para se levantar e empurra-lo porta afora. Estavam todos gargalhando a esta altura, os corpos moles como minhocas. Foi quando o meu copo de vinho estourou em cima da mesa. Eu corri para a porta. O ventilador de teto caiu na cabeça do dono da casa, a porta bateu e estourou meu nariz. SÓ ENTÃO ELES SE TOCARAM DA GRAVIDADE DA SITUAÇÃO, e começaram a gritar.
Quanto a mim iniciei a maior corrida da minha vida. As portas batiam e as janelas estouravam ao meu redor, por toda a casa.

Eu corro para a porta dos fundos, a que dá para o quintal. Enquanto isso as luzes começam a falhar pela casa. Chegando na área de serviço a porta dos fundos está trancada. Eu ouço meus amigos gritando no quarto, por incrível que pareça eu considero isso um bom sinal, nunca vi um morto gritando, na verdade talvez o primeiro morto que eu tenha visto na vida pode ter sido produzido a menos de um minuto na minha frente.

Dou um chute na porta, e caio para trás. As janelas começam a estourar. Me levanto, dou outro chute e caio novamente, o portal começa a ceder, meus amigos gritam. Ouço a televisão ligando sozinha e desligando em seguida, ergo-me como um raio e chuto a porta que finalmente se abre. E pensar que nós ríamos do pai do dono porque ele tinha colocado a porta ao contrário.

Ganho o quintal, pulo o muro e caio no quintal vizinho. Saio correndo por entre as roupas dependuradas no varal, fico preso em um lençol, começo a lutar contra o nada, o lençol me abraça ainda mais. Então saio correndo e gritando e derrubando o varal e as roupas, por fim consigo me libertar, chego à frente da casa, pulo o muro e começo a descer a rua. Correndo rápido como uma bala... volta e meia olho para trás.

Eu desço a rua correndo como se tivesse todos os diabos do mundo nos meus calcanhares. Olho para trás e não vejo nada, nenhum sinal de vida, não sei se é o caso de me sentir aliviado ou de me apavorar ainda mais. De repente acho graça disso tudo, deve ser nesses momentos que a gente se dá conta da loucura que é a vida ou de que somos todos loucos.

Viro a esquina e encontro um posto de gasolina aberto lá adiante. Chegando perto, já exausto, diminuo o passo e entro na loja de conveniência, o atendente fica me olhando com uma cara esquisita. É aí então que eu me dou conta de que meu nariz está jorrando sangue, como se fosse uma torneira. Me apresso em pegar uns guardanapos de papel e tampar as narinas.

- Tu tá bem, cara.
- Tô sim.
- Que foi isso? Assalto?
- Uma brincadeira de mau gosto.
- Que brincadeira?
- Deixa pra lá. Me dá um cigarro aí.
- Qual?
- Qualquer um, eu PRECISO fumar.
- Toma, fica por minha conta, tu tá mal cara.
- Fogo...
- Aqui...
- AAAAAH GLÓRIA! Eu precisava disso. Valeu...
- De nada.
- Telefone?
- Quebrado.
- Merda...
- Meu celular tá funcionando quer que eu chame a polícia?
- Faz o seguinte, amigo...
- Hum...
- Me deixa quieto aqui um pouquinho, minha noite foi uma merda.
- OK.

Ele entra em uma porta atrás do balcão e me deixa sozinho, fumando meu cigarro. Posso ouvir o zumbido da televisão ligada. Esta foi uma noite dos diabos, literalmente. Se eu contar ninguém vai acreditar.

2 comentários:

Daniela Andrade disse...

hein, nunca fiz essa do copinho, acredita? já fiz a da caneta, mas eu perguntei sobre minha mãe e a caneta me respondeu que eu era órfã, então...


...será que eu sou adotada?

hahahahahaha

adorei. você realmente tem muita coisa escrita, hein?

=****

Anônimo disse...

Oie...
kara eu sou louka pla fazer essa brincadeira...
mais eu naum sei comu...
vc pod mi dar mais informações...
meu email eh J4inninh4@hotmail.com


...

xauzzinhu i kisssss
;D