sexta-feira, 21 de setembro de 2007

À beira da morte

- Essa porra dessa máscara deveria me ajuda a respirar.
- Calma, Klaus... sua pressão não está boa.
- Vá pro inferno, eu sou um velho doente. Pra quê perder seu tempo comigo?
- É meu trabalho...
- Você é ridícula, todos nós somos...
- Olha, me deixa trabalhar em paz, por favor.
- Está vendo, você não se importa comigo. Só se importa com seu trabalho de merda pra receber seu dinheiro de merda. Sua vendida...
- Boa noite, Klaus...

Ela se despede apaga a luz e vai embora me deixando sozinho no apartamento. Agora eu só consigo ver as luzes dos aparelhos piscando. Cheio de tubos no corpo todo, eu sei que eu vou morrer em pouco tempo. E agora à beira da morte eu só consigo me lembrar de como foi a minha vida. Não me orgulho nem um pouco de nada que eu tenha feito, mas também não me envergonho, viver foi sacrificante para mim, assim como deveria ser para todo mundo.

Lembro de quando eu era um adolescente cheio de ideais e planos para um mundo melhor. Eu desejava tornar o planeta um lugar que valesse esse desejo imbecil que todas as pessoas têm de se manter vivas. Eu sentia em mim a chama da vida.

Agora deitado esperando a morte só consigo ver que aquele fogo todo que me impulsionava e ao mesmo tempo me consumia se extingüiu. Dizem que isso acontece porque o sistema te quebra no meio de um jeito ou de outro, pra mim o nome disso é envelhecer mesmo. Por quê se preocupar com o mundo e se fuder constantemente por pessoas que não vão nem mesmo saber quem você é, ou que nunca chegarão a ver o branco do seu olho?

A síndrome do adolescente que quer salvar o mundo passa rápido, porque o mundo não quer ser salvo e no final todos nós acabamos nos tornando pessoas medíocres com objetivos de vida tão medíocres quanto os que nós criticávamos no auge da nossa adolescência utópica: somos todos patéticos.

Um comentário:

Daniela Andrade disse...

bando de patéticos de merda.