sexta-feira, 8 de junho de 2007

Acontecimentos

Ele está caindo, aproveito pra dar mais um soco de direita no meio do nariz. O sangue espirra e ele finalmente alcança o chão. Bate primeiro com a cabeça e faz um barulho seco. O restante do corpo mal toca o chão e eu aproveito para começar a chutar suas costelas, quem sabe com um pouco de sorte eu quebre alguma. Ele grita, e eu chuto sua boca.

- Cala a boca, filho da puta!

E continuo a chutar suas costelas. Ele rola e eu finalizo com um chute na barriga. Escuto-o expelindo o ar com um som abafado. Afasto-me dois passos para trás e fico olhando o desgraçado jogado no chão. Ainda se mexia... pouco mas mexia. Por mim tudo bem, desde que nunca mais aparecesse por ali. Começo a procurar a arma que ele deixou cair, a mesma arma que usou pra me assaltar semana passada.

Hoje foi diferente. Hoje eu havia sido demitido por ser solteiro. Corte de pessoal na empresa... meu chefe tinha que demitir um funcionário e ele optou por mim porque todos os outros eram casados ou tinham filhos. Já voltando para casa um amigo me liga e diz que viu minha namorada com outro cara, e ele é do tipo que não mente. Ainda mais puto decido beber no primeiro boteco que encontro pelo caminho, entro no boteco e tomo todas. Na hora de pagar percebo que esqueci a minha carteira no escritório, pelo menos estou rezando para estar lá, só me falta perder a carteira. Deixei meu celular empenhado, depois volto pra pagar.

Saindo do bar, um pouco embriagado e com ódio da vida vem esse infeliz me assaltar. Tudo o que eu precisava era de uma válvula de escape... um bode expiatório. Tem gente que gosta de estar no lugar errado e na hora errada, e ainda por cima tentando fazer a coisa errada. Assim que ele me apareceu fui com tudo pra cima dele, acho que o cara não acreditou.

Agora que eu peguei a arma vi porque não morri: o imbecil assaltava os outros sem munição. Só usava a arma pra ameaçar. Fiquei ainda mais puto porque semana passada ele me roubou todo o dinheiro do aluguel, com essa arma sem balas. Ele está se arrastando, volto e dou outro chute na cara dele. Começa a chover.

A vontade que eu tenho é de bater na cara dele com essa arma até arrancar todos os dentes, mas minha mão ainda está doendo da surra que lhe dei. Decido ir embora e deixá-lo ali sozinho. Agora eu sou um homem furioso e armado. Só falta conseguir munição pra fazer alguma merda da qual provavelmente eu vá me arrepender depois.

Enfio a arma na cintura, cubro com a camisa e vou pra casa, onde chego totalmente encharcado. Foda-se, uma gripe agora era a menor das minhas preocupações. Ligo pra um colega de trabalho perguntando se ele poderia trazer a minha carteira no fim do expediente. Acendo um cigarro, coloco uma dose de vodka num copo sujo de café que peguei na pia atulhada de louça suja e me sento na cama.

Cabisbaixo, olhando pro chão... me pergunto: "O que mais falta acontecer?"

O telefone toca, meu pai capotou o carro e está no hospital. Pelo menos uma boa notícia... uma herança é sempre bem-vinda.

6 comentários:

Daniela Andrade disse...

minha nossa, paullus, avisa pra esses seus personagens que existe livro de auto-ajuda, igreja, macumba, qualquer coisa!

final de junho eu tou em brasília. almoço no chinês de novo?

te amo. bastante. hehehehe

=***

Unknown disse...

E quem é que quer ajuda?
=D

Daniela Andrade disse...

e quem disse que auto-ajuda ajuda?

=P

Unknown disse...

Ah.. quando vier teremos que optar por uma opção de reencontro mais barata... NO ENTAAAAAAAAAANTO... estou livre para irmos para as farras que você desejar.
rs

Anônimo disse...

Dramaturgo psicótico??? talvez sim!hehehe e por mais ruim que foi o ocorrido com este rapáz, não vejo como algo longe de nossa realidade.

Muito bom o texto! Excelente!

Abraços.

Unknown disse...

=/
eu não vou poder ir no chinês... adoro restaurante chinês...