terça-feira, 15 de julho de 2008

Dois lados - O lado dele

Estava entediado. Nenhum livro novo pra ler, computador quebrado e uma manhã inteira assistindo televisão. Sentia-me um prisioneiro dentro de casa. Repentinamente em um desses arroubos que nos acometem inesperadamente levantei-me e sai de casa. Não suportava mais aquela quietude fúnebre. Sai sem destino e sem ter idéia do que procurar fora de casa, além da sensação de não estar em casa.

Incrível como eu pude passar a manhã toda deitado no sofá assistindo televisão mudando de canal e reclamando da vida. Estava um dia muito bonito. Repassei mentalmente algumas coisas que eu faltavam em casa e decidi que iria fazer pesquisa de preços. Assim passei a tarde toda entrando de loja em loja e olhando preços, até que essa tarefa deprimente me cansou. Estava indo para uma lanchonete comer alguma coisa antes de ir para casa quando começou um temporal, absurdo.

Em questão de segundos a chuva tomou conta de tudo. Corri para debaixo de um toldo em busca de abrigo, algumas pessoas chegaram junto comigo e começaram a reclamar e xingar. Eu apenas ri. O que mais se pode fazer numa situação dessas? Foi então que chegou uma garota linda. Sem esperar muito tempo procurei puxar conversa tentando parecer espontâneo:

- Como pode, né? Estava tão claro agora há pouco.
- Pois é. Quem diria que ia chover.
- O bom é que quando é forte assim passa logo.
- Ahan...
- Bem, enquanto não passa vou entrar ali naquela lanchonete pra tomar um café.
- Então tá...
- Aceita um café?
- Não, obrigado.
- Tá, o café é o de menos. Não quer ir para um lugar onde vente menos? Lá pelo menos é coberto.

Ela aceitou. Magrinha daquele jeito devia estar morrendo de frio. Chegando na lanchonete nos sentamos e conversamos bastante. Ela tinha um sorriso lindo, não conseguia deixar de reparar no quanto o sorriso dela era lindo, tanto que procurei fazê-la sorrir o tempo todo só para ver aquele sorriso iluminando aquele dia que até então estava sendo péssimo. A chuva passou e continuamos sentados. Conversando e rindo.

Quando começou a escurecer ela precisou ir embora. Ela morava num prédio longe da minha casa, mas a companhia era tão agradável que nem me importei em acompanhá-la. Lá chegando ela me convidou a subir. Neguei para não parecer muito afoito. Inventei uma desculpa qualquer e peguei o número do celular dela. Iria ligar no dia seguinte ou dois dias depois, para parecer despretensioso. Ela subiu e eu fui embora. Duas quadras depois fui assaltado. Levaram minha carteira e meu celular, junto com o celular foi-se embora o telefone dela.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vá a casa dela!

Unknown disse...

Caramba.. ele tinha q ir na casa dela! É difícil acontecer de encontrar alguém interessante assim e o papo fluir tão bem.

Outra coisa... o cara se fez de difícil. Eu subiria... já que ela convidou msm...

:D