terça-feira, 15 de julho de 2008

Dois lados - O lado dela

Nunca esquecerei a situação em que nos conhecemos. Eu precisava comprar um sofá novo pra minha casa e, como o dia estava claro, decidi sair para olhar as vitrines a pé mesmo. Caminhar, espairecer e gastar. Eu usava uma blusinha branca de alcinha e um jeans coladinho, estava bem básica.

Então sai por aí caminhando e olhando vitrines. Acho que só olhei sofás mesmo por uma meia hora, porque lembro de ficar deslumbrada com alguns vestidos que vi nesse dia. A sensação que eu tinha era de euforia, alegria, liberdade. O céu estava limpo, de um azul fascinante. Passei a tarde toda caminhando pelas lojas da cidade e, assim empolgada, nem percebi que o céu fechou repentinamente. Chuva de verão.

Uma chuva forte e impiedosa preencheu tudo e desapareceu em poucos minutos. Enquanto chovia, fui obrigada a me abrigar embaixo de um toldo, e lá estava ele também. Sorridente, charmoso. Ria da própria impotência ante a chuva inesperada. Quando cheguei tratou logo de puxar conversa:

- Como pode, né? Estava tão claro agora há pouco.
- Pois é. Quem diria que ia chover.
- O bom é que quando é forte assim passa logo.
- Ahan...
- Bem, enquanto não passa vou entrar ali naquela lanchonete pra tomar um café.
- Então tá...
- Aceita um café?
- Não, obrigado.
- Tá, o café é o de menos. Não quer ir para um lugar onde vente menos? Lá pelo menos é coberto.

Pareceu uma ótima idéia, já que eu estava de camisa branca. Problemas femininos. Fomos para a tal lanchonete e lá, com certa descontração, Klaus conseguiu prender minha atenção. Acabei descobrindo a pessoa maravilhosa que ele era, tanto que a chuva passou e continuamos os dois sentados à mesa. Conversando e rindo.

Foi um fim de tarde ótimo. Ele me deixou no prédio onde eu morava, eu o convidei a subir e ele declinou. Disse que tinha um compromisso que não podia adiar. Pediu meu número de telefone e foi embora. Nunca me ligou, mas até hoje eu me lembro do sorriso dele. Engraçado como essas coisas acontecem, ele se tornou minha paixão platônica e eu só o vi um dia na minha vida, há dois anos.

Um comentário:

hires héglan disse...

tu escreve melhor como ele do que como ela...

coisas de mulher, hehehehe