terça-feira, 8 de abril de 2008

Livros

Andei pensando em você, sabe. Na verdade, andei pensando em nós. Sei que ainda não existe um "nós", e sei muito bem que poderá não existir, mas é como eu digo aos quatro cantos do mundo "eu sou um idiota romântico". Pensar em "eu e você" sem um "nós" me deixa meio confuso das idéias, então por isso me atrevo a declarar que estive pensando em nós, e pensando em nós pensei na dissintonia, na desarmonia, no destom, na disparidade, ou qualquer outra palavra que você prefira para definir nossas diferenças. Sei que sou diferente de você, sei que sou diferente das pessoas que você conhece, na verdade sei que sou diferente de muita gente. Estou acostumado com minhas diferenças e aprendi a lidar com as diferenças alheias, do contrário não teríamos nos conhecido, eu teria virado um eremita. A verdade é que com o passar dos anos, vivendo intensamente minhas decepções, assim como eu vivo intensamente tudo que há para se viver, eu aprendi que as pessoas são como livros. É possível ler as pessoas, e cada uma delas tem uma história pra contar. Ouso até dizer que cada uma delas tem histórias para contar, e cada história tem sua própria história. Somos um emaranhado complexo de divagações, experiências, vontades e frustrações, e cada mistura dessas sensações, em proporções mesmo que ligeiramente diferentes, nos dá uma nova história. O prazer de nos relacionarmos com as outras pessoas é confuso, porque ao mesmo tempo em que queremos saber, viver e sentir intensamente cada história contada nesse livro queremos também nos tornar co-autores e ajudar a escrever a história que ainda não aconteceu. Queremos escrever a história da vida das outras pessoas, e ao mesmo tempo queremos que essas pessoas nos ajudem a escrever a história das nossas vidas. Parceria e companheirismo. Sincronia. Para mim você tem se mostrado um livro fechado, lacrado, inatingível, inalcançável. Você me permite ver a sua capa, apenas, enquanto eu me abro por inteiro e me deixo ser folheado. Se quisesse entregaria agora mesmo uma caneta e permitiria que você escrevesse seus capítulos na minha vida, mas só faria isso se deixasse eu ler um pouquinho que fosse da tua história.

5 comentários:

Jana disse...

sei que não tá falando de mim nesse texto porque minha vida é um livro aberto e vc faz parte da história hahahahahahaha
já disse antes: adoro seus textos, querido!
beijocas

manu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manu disse...

sintonia E reciprocidade. às vezes a pessoa se fecha como um livro por temer que o livro que também está a ler (no caso, o seu), sequer passe da primeira página. já pensou nisso?

Madamefala disse...

Vi o teu blog na comunidade Adoro Ler, caramba muito bom, adorei!!!!
Essa sincronia é confusa mesmo...mas impossível de não acontecer.
parabéns, escreve muito bem.

P.S.http://madamefala.blogspot.com