quarta-feira, 25 de julho de 2007

A morte de William

Desesperado e sem saber para onde mais correr, William corre agora em direção ao shopping Pátio Brasil, localizado no começo da Asa Sul em Brasília.

Perdido, confuso e completamente agitado por ter escapado de uma tentativa de assalto, ele agora corre para o local mais próximo e mais movimentado. O sangue a escorrer de seu braço não é nada mais do que um corte profundo sem nenhuma conseqüência, desde que a ferida seja suturada imediatamente. Ele como auxiliar de enfermagem sabe disso, mas a visão do próprio sangue jorrando aos borbotões é de tirar do sério mesmo o mais calmo dos profissionais de saúde.

Correndo em direção ao shopping começa a sentir seu coração pulsando com mais força, calafrios se espalham pelo seu corpo e a respiração começa a ficar ofegante. William começa a sentir os efeitos do pânico, coisa que há muito não sentia. Desde que começara a trabalhar na área pediátrica do hospital sua doença praticamente havia desaparecido, as crianças haviam devolvido-lhe a alegria de viver.

Subitamente William começa a ficar tonto e seus pensamentos tornam-se cada vez mais confusos e desconexos. Lembranças de sua infância invadiam sua mente e subitamente ele pára para pensar no amanhã que não há de chegar se ele morrer, logo em seguida ele volta para o presente olha para o próprio braço e pergunta a si próprio como será o amanhã se ele de fato morrer, lembra-se da própria mãe, recém-viúva, e imagina o desespero dela ao lado de seu caixão velando o corpo do único filho.

Agora tonto demais para continuar William cai. Ele começa a chorar e soluçar e gritar alto de maneira desesperada, não é seu braço que dói, e sim seu coração. Dói imaginar a morte assombrando novamente a casa de sua mãe, o horror causado pela notícia, as inúmeras pessoas que dependiam dele direta e indiretamente, as crianças que estavam sob sua responsabilidade no hospital. E ele começa a ver todos esses rostos ao seu redor, com os olhos banhados em lágrimas e os rostos deformados pela tristeza e pela angústia, todos se perguntando: "Por que, meu Deus do céu?".

E é então que William se imagina no próprio velório e começa a crer que já está morto, que todos estão ali velando pelo seu corpo já em estado de decomposição. William desiste. Para de se debater e finalmente se deixa levar em direção às trevas que se abatem sobre seus olhos, e é assim então que William morre; de maneira covarde e sem sentido, como todas as pessoas morreram e como todas as outras ainda haverão de morrer.

4 comentários:

Victor Hugo disse...

Post muito interessante sobre como morrer... Desarmado e covardemente, e ainda na hora da própria morte consegue pensar nos outros... Será que isso realmente acontece?!?!? Acho que na hora da morte as pessoas pensão no que elas ainda poderiam fazer!!! E não em como os outros se sentiriam ao vê - lá morta!!!

Victor Hugo disse...

Post muito interessante sobre como morrer... Desarmado e covardemente, e ainda na hora da própria morte consegue pensar nos outros... Será que isso realmente acontece?!?!? Acho que na hora da morte as pessoas pensão no que elas ainda poderiam fazer!!! E não em como os outros se sentiriam ao vê - lá morta!!!

Unknown disse...

William FRANGO!

Daniela Andrade disse...

eu fiquei com pena dele.


mentira.