quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Termina o café. Apaga o cigarro. Solta a fumaça.
Ela caminha, mas num caminhar incerto, desses mesmo de quem não sabe aonde ir. Recusa uma ligação. Respira fundo enquanto olha a Lua, cheia. Num meio sorriso, lembrando de outro tempo, ela quase uiva. Não, não é momento.
De tanto caminhar, se cansa. Pára e senta num banco de praça. Afaga o peito pra conter a lágrima. E cai a chuva.
E com a chuva ela atende a ligação há pouco recusada. Num meio sorriso, mais de resignação, ela conversa. Porém nada manifesta, apenas diz sem dizer, como já é de seu costume fazer.
Volta a caminhar, agora sabendo aonde ir. E de tanto caminhar acaba chegando, ofegante, ao lugar onde não deveria estar.
Toca a campainha uma, duas, dez vezes. Ninguém vem ao seu encontro. Ninguém nunca está.
Pára diante da porta. Senta. Acende o cigarro. Solta a fumaça. E a lágrima.

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