segunda-feira, 19 de maio de 2008

Wishlist

E daí que casar não está nos meus planos, não mesmo. Ter um filho até, quem sabe, um Lorenzo. É, sou brega, não há remédio pra isso, já procurei na farmácia. Mas isso de ter um filho é sazonal e depende do estado dos meus nervos, então eu mudo de idéia toda vez que muda a Lua, e ainda bem que tomo pílula e todo o resto, senão o que eu ia fazer com o Lorenzo na época de não querê-lo? Oh, drogas. Também não pretendo passar o resto da vida num emprego só, mas isso não é o que todo mundo diz, o papo de promoção e progressão funcional ou trabalhar com qualquer coisa até o dia glorioso em que vou trabalhar com o que quero (tipos ser lanterneiro até conseguir chegar à Procuradoria Federal). Não. Mesmo se eu trabalhasse com o que amo desesperadamente - que no momento é aquele ser humano que toca bateria e trança o cabelo do jeito mais charmoso ever - eu ia querer trabalhar com outra coisa alguma hora da vida. E nem é por ser versátil, porque não o sou, ou por ser multifacetada, porque não gosto dessas frescuras. A questão é que me desapaixono por tudo de uma maneira tão rápida e indolor que às vezes dói, como diria o CaioF, 'lateja louca nos dias de chuva'. E a sensação de vazio me enche de tanta angústia que me perco nas coisas que nunca foram minhas, então preciso ter tudo, ora, isso não faz sentido. E também quero viajar muito e para muitos lugares, mas os locais mais não-convencionais possíveis, tipos todo mundo quer ir pra Nova Iorque só pra comprar aquela blusa idiota do I S2 NY, tudo bem soar clichê, todo mundo é clichê, mas tem o clichê charmoso, tipos eu quero a Europa, super clichê a Europa, mas não Paris e Londres e essas baboseiras que todo mundo faz. Quero a Espanha, o leste europeu, a parte mais dourada e menos cinzenta do Viejo Mondo, quero a vodca da Polônia e não da Rússia. E da Ásia prefiro a Indonésia à China, todo mundo vai pra China, todo mundo quer a China, é muita bicicleta amontoada, chega perco o ar. Nova Zelândia tá na moda, mas eu até queria, nem tanto pelos cangurus, ai, canguru é na Austrália, na Nova Zelândia é aquele pato-peixe, não é isso? Sei não. E além de viajar e não-casar e ter vários empregos vida afora, também quero ter muitos cachorros, nada de gatos, odeio gatos, mas quero ter muitos cachorros. Juro que não vou carregá-los em fakes da LuíVitón pra cima e pra baixo nem vou levá-los a DogSpas, vou deixar os bichinhos serem cachorros felizes, podem se sujar de lama e enterrar ossinhos (embora eu não acredite verdadeiramente nessa história de enterrar ossos). Enfim, eles poderão agir feito cachorros e estará tudo lindo, tudo na mais perfeita (des)ordem. E seus nomes serão coisas do tipo Zeca, Chico, Madalena, nada de Max ou Fox ou Scott ou Beethoven (se bem que um podia se chamar Wagner, de preferência o labrador de pelo negro, Wagner fica lindo). Enfim. E depois de ter vários cachorros e depois de viajar e depois de trabalhar com tudo que eu puder e depois de tudo mesmo eu queria aprender a operar um trator. Ou pilotar, ou dirigir, ou o que seja que alguém faz pra colocar o trator em movimento. Eu queria colocar um trator em movimento, com aqueles fones horrivelmente grandes no ouvido. Mas queria colocar um trator em movimento em uma avenida movimentada, tipos a Paulista às seis da tarde. Mas aí ele não ficaria em movimento, então esquece a Paulista. Não sei aonde, sei que tudo que ando querendo por agora é operar um trator. E não, pseudo-psicanalista-de-merda, isso não é um desejo reprimido, é o que é, vontade de operar um trator e pronto. Quem sabe até carregar uns tijolos pra lá e pra cá e depois tomar um café requentado. Mas é isso, por ora. Operar um trator e depois beber com os meus amigos e contar pra eles como é operar um trator, eles nunca fizeram nada parecido e vão ter inveja master. E quem sabe depois da vontade de operar trator venham vontades outras, também não-convencionais, tipos morar num iglu só pra ver se faz frio mesmo, e ver até onde suporto neve, porque eu acho neve o máximo, mas será que eu suportaria ver neve todos os dias por toda a minha vida? Não, eu não suportaria, cancela o iglu, cancela a neve. Quem sabe uma sociedade alternativa, cogu e visu da natu na cachu. Por uns três meses. Hahahahaha.

Pensando bem, pensando bem mesmo, ainda bem que essa vontade de ter Lorenzo vem e passa rápido, não sei se eu teria coragem de operar um trator sendo mãe. É isso, cancela o filho, fico com o trator.

Um comentário:

Dany Lynn disse...

Me vi nesse texto.
Fantático!!!
Eu não quero casar, penso as vezes em ter um fliho, mas sei lá, acho que deixaria ele mais com minha mae do que comigo. Queria trabalhar com o que amo, mas amo algo hj e amanha abomino, então o que faço??? Fico nessa de trocar amores.
Quero viajar para vários lugares, mas me recuso a ir a NY pra comprar aquela camista ridicula..hahaha
Qto ao trator...eu ja tentei, mas nao me sai muito bem.

Oh tem texto novo no meu espaço...Passa pelo menos lá, ate pq scrap vc nem responde :(

sumida...te amo