segunda-feira, 10 de março de 2008

Do desespero, do cigarro e coisas outras

E daí que eu saí da minha mesa apressada e corri até a escada que dá pro estacionamento. Me sentei e acendi um cigarro e fumei num desespero absurdo. E o sol se punha e o calor era insuportável, mas eu fumei. E logo depois acendi outro, mas logo depois mesmo, tipo o tempo entre jogar fora o um e pegar o isqueiro pro outro, rapidão assim, nesse desespero. Como se disso dependesse a minha vida, sabe como? Preciso fumar esse cigarro senão morro. Tá, não faz sentido nenhum, eu sei, nem é apologia a nada também, é só uma observação, um tanto quanto minha, vivo ilhada e imersa em mim mesma. Reparei agora, enquanto escrevia, que vivo de metáforas absurdas, e isso nunca faz sentido. E depois que fumei o outro cigarro, ou seja, dois cigarros em aproximadamente cinco minutos (me lembrei daquela canção dos Titãs, nem cinco minutos guardados dentro de cada cigarro, nem cinco minutos guardados dentro de dois cigarros é o meu caso) me arrependi horrores de agir feito uma desesperada, e subi de volta as escadas em direção à minha mesa muito puta comigo mesma, conversando comigo mesma e implorando a mim mesma que deixasse de ser ridícula. E andando pelos corredores eu me lembrei do contorno das costas dele e sorri, e me deu aquele embrulho na boca do estômago, golpe seco, como elas dizem? Elas, aquelas alternativinhas, como elas dizem? Ah, borboletas no estômago, é isso, faz sentido até, vê bem, parece que elas estão voando desesperadas no seu estômago, vê que não parei de escrever desespero? Arre, o que é isso. E logo depois meu chefe me pediu pra tirar cópias, era um mundo de papel, dava tempo pra fumar outro cigarro, eu pensei logo, e corri pra fumar e fumei três, três de uma vez, e me arrependi de novo. E quando eu voltei pra pegar as cópias eu pensei no quanto eu estava fumando desde que tudo aquilo tinha começado, se eu estivesse desocupada em casa com TV e rede a carteira já teria acabado, eu comprei na hora do almoço e agora que chega a noite e ela já está na metade, e me lembrei dele dizendo que eu fumava demais. "Você fuma demais", ele disse, fuma demais, bebe demais, fala demais, pensa demais, dorme de menos, você não é nada saudável e putaqueopariu, como isso é charmoso assim em você, essa coisa intelectual e boêmia e irresponsável e sensível e mais uma caralhada de coisa charmosa. Hahahaha. Caralhada é uma palavra ótima. Me lembrei dele falando isso de mim e, porra, como ele me conhece, e eu não sei nada dele, meu Deus, eu não faço idéia de quem ele seja, só sei que ele gosta do mesmo escritor que eu, como se isso fosse mudar o rumo inexorável das coisas. Nada nunca muda, e talvez nem seja tão ruim no fim. Eu não sei de nada, desde o momento em que decidi mandar às favas o sentido e a segurança e todas as minhas defesas.

Ai, que dor no flanco esquerdo.

4 comentários:

Unknown disse...

PUTAQUEOPARIU!EUTENHOQUEVOLTARALEREESCREVERURGENTEMENTE!!!

Minha musa inspiradora! PERFECT!
;-)

Dany Lynn disse...

me vi em algumas partes desse post.
Bom espero que as tais "borboletas no estomago" fiquem longe.

Lindo..perfeito....

lhe amo

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