domingo, 13 de janeiro de 2008

Redenção

A chuva cai ruidosamente, fustigando minhas janelas. Porém fica em mim aquele torpor de final de tarde, de final de esperança, quase final de vida. Caminho pela casa como se me fosse estranha, como se cada passo fosse um tiro no escuro, como se eu não soubesse pra onde ir. Não sei, de fato. Acendo o cigarro mais por hábito que por vício, companheiro de horas solitárias, companheiro de horas vazias. O telefone não toca há três dias. Não que eu espere que toque, nada tenho a esperar. Aliás, a casa anda quieta e silenciosa já há tanto tempo que por vezes me certifico de estar viva, por parecer a casa a morada final de um morto. Silenciosa e fria. E o torpor de fim de tarde em mim. E o último raio de sol ficou no meu olhar, como se eu tivesse direito a uma outra vida.

Liguei o som ontem e o deixei fora de sintonia, como se comigo conversasse, como se algo não faltasse, como se o vazio não fosse palpável, como se o silêncio não fosse audível. Desliguei o som porque não fazia sentido. Concorda? Faz sentido não. Senti falta dele, doeu no corpo, doeu sim. Tentei ligar mas perdi um compasso, ele não iria atender, nem adiantaria. Olhei mais uma vez a janela, chovia a cântaros, eu me encontrava ilhada e imersa em mim mesma.

Peguei papel e caneta e me desafiei. Ia escrever pra ele. Só pra dizer que o amava sobre todas as coisas, e pra sempre, e se ele não voltasse eu haveria de enlouquecer, que já estava prestes a isso, mais um pouco eu raspava a cabeça. Escrever pra dizer que fiz tudo que é tipo de terapia e aquele vazio continuava em mim, aquele torpor não saía, aquela dor não sarava nunca. Escrever pra pedir perdão pelo egoísmo, mas que ele voltasse ligeiro ou eu não sei o que seria de mim.

Escrevi até não poder mais de dor nas mãos, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. Envelopei com carinho e cuidado, sem me dar conta no momento que eu não tinha o endereço dele. Mas ainda assim o fiz. Guardei o envelope como quem guarda tesouro na gaveta do criado-mudo, fechei as cortinas e me deitei.

Escrever liberta. Amar perdoa. Perdoar redime.

6 comentários:

Dany Lynn disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dany Lynn disse...

Só não tenho mais cigarros e nem para quem escrever.
Mas tenho a solidão e os olhos inchados.
Então escreverei algo que não seja para alguem, ou talvez para alguem imaginario para poder perdoar a mim mesma.

P.S.: escrevi de novo pq agora que analisei e vi que foi o Paullus que escreveu....rs

Entao, parabens Paullus, belo post.
E Dani sua sumidaaaaaaaaaaaaa, lhe amo...rs

Anônimo disse...

Concordo...
Escrever liberta!

Anônimo disse...

ei, o texto é meu! Paullus postou mas quem escreveu fui eu!

=]

Anônimo disse...

foi mal entao linda
hauahauhaau

tb nao podia adivinhar :P

sumida tu hein???
nem da mais noticias ...humf

lhe amoooo mulher

Unknown disse...

Senhores, levem em consideração OS MARCADORES.

Eles indicam o autor do Post...