quarta-feira, 4 de março de 2009

Dos excessos

Assim como veio foi, e quase como num daqueles blues antigos, o que me sobrou foi muito tão pouco que considero nada. Havia tanta fome um dia, havia tanta sede um dia, havia tanta de tanta coisa que hoje em dia nem sei dizer se era enfim real o que havia. Era tanto sentir. Assim como veio foi, aquela necessidade de sangrar por todos os poros pra ver se ainda havia vida, porque de tudo que havia, a vida é o que menos preenchia os espaços. E de todas as lacunas vazias, a tua presença não preenchia as mais severas do peito, disso eu sabia, mas não sentia porque teu olhar me dizia coisas outras. "E de te amar assim muito e amiúde", dizia o Poetinha e eu repetia aos brados pelos cantos do peito porque eu acreditava nisso. Ah, eu te amava demais. Hoje em dia só ficou o café de requentar, o pão com manteiga do café que me olha quando chego à noite em casa. Hoje em dia só ficou o ficar, porque de tudo que havia, constato, nada aconteceu de continuar a existir, como se de mim uma parte você tivesse transformado em todo e assim levado contigo o todo que sou eu. E um dia aconteceu de você me perguntar "por que você me ama assim, hein? nesse exagero todo de quem vai morrer?". E aconteceu de responder "porque se eu não te amar eu morro, oras". Oras, não era claro? Mas, olha só, nem morri. Chorei, sequei, mas nem morri.

2 comentários:

Rodrigo Rodrigues disse...

"And you bleed just to know you're alive" Adorei! :)

Panda disse...

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